terça-feira, 26 de maio de 2009

Resenha do Filme O Terminal




O filme aborda dentre vários outros aspectos, as dificuldades encontradas na comunicação entre pessoas com diferentes idiomas, educação, modelo de comportamento, cultura, etc. Assim, além das palavras, vários outros símbolos e formas de comunicação são utilizados para que as informações sejam passadas e recebidas de forma a propiciar aos envolvidos as condições mínimas para discernir sobre seu próximo passo no contexto em que se encontra.
Apesar de existirem símbolos universais, a forma, posição, contexto e local onde são utilizados, pode gerar situações das mais diversas possíveis. É com base nisso que estaremos agora expondo as nossas percepções críticas.
Um imigrante da República da Krakozhia, uma cidade na Europa Oriental, que desembarca em um aeroporto em Nova York no exato momento em que um golpe militar acende uma guerra civil em seu país, fica preso no aeroporto sem saber exatamente o motivo pelo qual não pode visitar NY. Por causa do golpe militar, seus documentos, como passaporte, são invalidados até que a situação se defina. Sem casa e documentos, ele começa a morar no próprio terminal, interagindo com os funcionários do lugar e até se apaixonando por uma aeromoça local.
Inicialmente, as partes envolvidas não falam o mesmo idioma. Então a comunicação verbal fica bastante prejudicada. O ator principal procura se comunicar utilizando-se de gestos, sinais, códigos e escrita.
Com o passar do tempo o filme mostra que o ator começa a entender as mensagens emitidas pelas pessoas, modificando o seu comportamento, compreendendo a linguagem e com isso interagindo um pouco melhor. Facilitando a sua sobrevivência em um ambiente que antes era desconhecido apenas por falta de comunicação. Uma das ferramentas utilizadas para melhorar a comunicação, é o uso de livros com figuras e textos iguais, escritos nas suas respectivas línguas.
Por não entender e nem falar o idioma local várias são as falhas de comunicação. O faxineiro do terminal passa a acreditar que o artista principal pode ser um agente do governo infiltrado com objetivo de identificar supostos imigrantes sem visto. O empreiteiro de obras da reforma do aeroporto acredita que ele seja funcionário de um grupo concorrente por ter presenciado o resultado de um trabalho feito pelo mesmo, entretanto, o serviço nada mais foi do que uma opção de passa tempo. O resultado dessa interpretação resulta na contratação do mesmo com uma remuneração bastante atrativa. Já para o “futuro Diretor do Aeroporto” ele não passa de um problema, visto que o mesmo sem dinheiro, sem casa e sem saber falar a língua local, precisa sobreviver até poder ser liberado daquela situação. Com base nisso, o Diretor passa a tentar a qualquer preço se livrar dele. Com isso, várias estratégias são usadas a fim de se livrar do problema – o imigrante indesejado, entretanto, a comunicação fica bastante difícil e as tentativas são sempre inúteis, principalmente quando se compara as questões culturais, educacionais, de conduta ética e patriotismo. Para apimentar ainda mais o contexto, surge ao meio de toda essa situação uma aeromoça bastante interessante aos olhos do protagonista, que no decorrer da tentativa em se comunicar com o mesmo, acredita que ele seja empreiteiro, mesmo isso não tendo sido dito em momento algum pelo mesmo, simplesmente essa interpretação é dada apenas pelo fato dela se encontrar com ele por várias vezes no aeroporto para viajar. É essa aeromoça que o motiva a ler um pouco mais e conhecer melhor a língua local. Com isso, o protagonista passa a interagir melhor com o meio. Uma das formas que ele procura usar para demonstrar (se comunicar) os seus sentimentos pela aeromoça é utilizando das suas habilidades de construtor para expressar o quanto gosta dela.
Ele não entende porque não o deixam ir até NY. Mesmo vendo o noticiário na TV fica difícil para ele entender que seu País está em guerra civil. Para se alimentar, passa a observar que ao devolver o carrinho ao guichê adequado, o mesmo devolve alguns centes de dólar, o que o faz passar a recolher todos os carrinhos do saguão e gerar renda para sua refeição. Isso chama a atenção do Diretor que ao contrário de querer o bem estar do mesmo, cria um cargo de recolhedor para os carrinhos a fim de forçar o mesmo a fugir do aeroporto. Nesse intuito, tenta se comunicar com o mesmo através de mímicas, gestos e símbolos, a fim de estimulá-lo a sair pela porta principal do aeroporto em um determinado horário onde seria feita a troca do policiamento, mas naquele dia essa troca teria um atraso proposital para que o mesmo pudesse fugir. Infelizmente para o Diretor, a porta principal é monitorada por uma câmera, o que inibe o mesmo a fazer a fuga.
Um outro episódio bastante interessante no filme que chama atenção é a passagem de um passageiro estrangeiro que vem do Canadá com destino a um País vizinho a Krakozhia que porta remédios para ser utilizado pelo seu Pai enfermo que é confiscado pelo governo local. Como o pessoal do aeroporto não fala a língua do passageiro, então não sabe como explicar ao mesmo que para ser liberado o remédio precisa da prescrição médica para poder transitar no aeroporto daquele país, mesmo tendo sido adquirido fora dali. Entra então o protagonista principal por conhecer a língua do estrangeiro e vendo a situação em que se encontra o mesmo, induz que ele diga que o remédio é para um bode, pois a legislação local estabelece que remédio para animal não precisa de comprovação alguma. Tudo isso ele consegue simplesmente porque a comunicação (idioma) utilizada só é entendida por ele.
A dificuldade de comunicação também é bastante evidente no guichê de aprovação dos formulários para imigração. Tanto é que a insistência do ator é intensa, argumentando que a sua insistência se dar com base estatística visto que a probabilidade de aprovação é de 50% pois existem duas opções, ou o carimbo vermelho reprovado ou o verde aprovado, entretanto o mesmo não entende que não se trata de probabilidade estatística e sim de critérios burocráticos. O outro fato que chama atenção nesses guichês é a comunicação visual e simbólica das faixas utilizadas no piso, determinando o adequado fluxo de pedidos para cada caso e os devidos limites de aproximação. Para dar mais ação ainda, o roteirista cria outras situações nesse ambiente, quando utiliza o imigrante para ser o interlocutor entre a atendente e outro funcionário do aeroporto que está interessado em namorar a mesma. É interessante porque o rapaz interessado na moça utiliza exatamente uma pessoa que não fala a língua local para colher informações dos gostos e pretensões que a moça tem em relação ao tipo de homem que ela gostaria de se relacionar. O rapaz só consegue tal façanha em troca de alimentar o imigrante, visto que o diretor havia substituído a devolução do dinheiro na devolução do carrinho pela criação de um novo posto de trabalho para recolhimento do mesmo. Ainda assim, com toda dificuldade da língua, o objetivo final é atingido depois de muita paciência e esforço, visto que o rapaz também era estrangeiro vivendo em um pais com cultura e comportamento diferente.
Algumas foram as percepções com relação aos símbolos (sinalização) utilizados, porém de forma um tanto inadequada e outras até faltosas, gerando situação constrangedora e até mesmo perigosas. Uma é o caso dos banheiros, que apesar do símbolo estar correto foi colocado em posição duvidosa, gerando situações indesejadas. A outras apesar de ter sido utilizada adequadamente (piso escorregadio), não era percebida pelos transeuntes, gerando assim situação de risco pessoal. Outra situação de perigo é a falta de sinalização nas portas de vidro na entrada da loja.
Pela dificuldade ainda na compreensão da língua local, não conseguia compreender o que estava se passando em seu país ao ver na TV os últimos noticiários dos acontecimentos internacionais.

Vários outros foram os episódios que podemos citar aqui, tais como a questão da lata com objetivo de cumprir com a promessa ao Pai já falecido, a negativa de que não era patriota, enfim, vemos que a comunicação quando não é bem entendida ou quando não é colocada de forma adequada pode gerar situações bem diversificadas dos objetivos desejados.

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