sexta-feira, 29 de maio de 2009

NEUROIMAGEM E NEUROPSICOLOGIA

[NEUROIMAGEM+.jpeg][NEUROIMAGEM.jpeg]INTRODUÇÃO


Os estudos de neuroimagem constituem um dos recursos científicos de investigação diagnóstica complementar, que podem ser associados ao processo de avaliação psicológica e neuropsicológica, visando o esclarecimento diagnóstico de certeza e condutas terapêuticas adequadas na área da saúde mental.


AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E SAÚDE MENTAL


Para descrever e classificar o comportamento do indivíduo visando enquadrá-lo dentro de alguma tipologia, que permita ao sujeito tirar conclusões sobre os outros e saber como ele deve se comportar e agir, realizamos avaliação através de métodos e técnicas diversas (Pasquali, 2001).
Anteriormente a avaliação psicológica estava restrita ao uso de testes psicológicos tradicionais. Mais recentemente tal avaliação utiliza técnicas projetivas e objetivas, ampliando a compreensão do funcionamento psíquico e da personalidade (Formiga e col., 2000).
Na área clínica citamos o psicodiagnóstico como “um processo científico, limitado no tempo, que utiliza métodos e técnicas psicológicas (“input”), em nível individual ou não, entendendo os problemas, à luz dos princípios teóricos, identificando e avaliando aspectos específicos, classificando o caso e prevendo seu curso possível, para comunicar resultado (“output”)” (Cunha e cols., 1993).
As avaliações tendem a ser subjetivas, e encontramos grupos de sintomas similares em diferentes quadros mentais, além da complexidade para distinguir aspectos decorrentes de limitações cognitivas pré-existentes, daquelas acarretadas pela deterioração mental presente em algumas patologias psiquiátricas. Num contexto hospitalar psiquiátrico ou de saúde mental, a avaliação psicológica engloba áreas de investigação da personalidade e aspectos neuropsicológicos, envolvendo os processos cognitivos subjacentes.


AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA


Na área da saúde mental, a avaliação neuropsicológica visa identificar distúrbios das funções superiores produzidos por alterações cerebrais, desencadeando respostas comportamentais, abrangendo objetivos como o diagnóstico diferencial, a identificação do comprometimento das funções cognitivas e a avaliação do grau de deterioração apresentada pelo portador de doença mental.
Neto e cols. (2003) referem o uso de testes para a avaliação geral de inteligência, com as Escalas Weschler, que possibilitam a obtenção de três medidas: quociente intelectual total (nível geral da capacidade cognitiva e de adaptação do indivíduo), quociente verbal e de execução, que representam as modalidades de raciocínio e expressão de caracteres verbais e não-verbais. O Conselho Federal de Psicologia emitiu parecer favorável para a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC III) (indicado para avaliação intelectual de pessoas na faixa etária entre 6 e 16 anos) e para a Escala Wechsler para Adultos (WAIS III). Outros testes também permitem a mensuração de níveis de inteligência, como o BPR-5, R1, G-36, sendo que os dois últimos testes são utilizados para a avaliação não-verbal da inteligência e também para pessoas com baixo nível de escolaridade. Testes específicos de atenção e concentração, como o teste D-2, avaliam outras funções cognitivas.
O digit span está sendo empregado na avaliação neuropsicológica dos casos suspeitos de demências, no qual são verbalizados ao paciente vários números (ou palavras), e após alguns segundos, solicitado que os repita (Izquierdo, 2002). Outra técnica usada na investigação das funções intelectivas, também nos quadros demenciais, é a Escala de Avaliação Cognitiva Mini-Mental (Mini Exame do Estado Mental- MMSE) (Lourenço, 2002). Citamos ainda outros instrumentos diagnósticos: a Avaliação das atividades de vida diária (AVD)- Índice de Katz, que mede a capacidade e prejuízo funcional nas atividades do dia-a-dia (Gallo at al, 1995); e RMBPC- Revised Memory and Behavior Problems Checklist para investigação de memória e comportamento (Teri at al,1992).
A cognição ocupa posição de destaque na investigação neuropsicológica, e está relacionada com a capacidade que possuímos para obter a aquisição do conhecimento; estando associada ao conceito de inteligência (Melo, 1979), A cognição compreende mecanismos mentais que agem sobre a informação sensorial, buscando sua interpretação, classificação e organização (Abrahão, 2001).
Nos casos de transtornos psiquiátrico é necessário complementar a abordagem clínica do caso com outras técnicas de investigação. A deterioração intelectual corresponde a um estado de modificação global das funções superiores ocasionando condutas desadaptativas, podendo ser transitória ( por horas ou dias) ou irreversível (nos quadros demenciais), com empobrecimento lingüístico e disfunções na memória e orientação (Barbizet at al, 1985).


MÉTODOS E RESULTADOS EM NEUROIMAGEM


Os estudos de neuroimagem, com técnicas que avançam progressivamente, permitiram conhecimento de circuitos cerebrais responsáveis por distintas operações da cognição humana. A localização de algumas funções cerebrais ajuda a correlacionar funções cognitivas com estruturas mentais. Algumas dessas técnicas permitem visualizar a estrutura e o funcionamento cerebral, o fluxo sanguíneo, metabolismo, composição química e densidade de receptores cerebrais em seres vivos; com descoberta, por exemplo, de substrato neural das doenças mentais como a esquizofrenia (Ferreira, 2006). Desta forma, tais estudos possibilitam conhecimentos da fisiologia e neuroquímica do cérebro, auxiliando na compreensão da base biológica dos distúrbios psiquiátricos.
Os exames de neuroimagem excluem patologias com sintomas semelhantes aos de alguns transtornos psiquiátricos, como tumores e lesões isquêmicas; e permitem o estudo da morfologia e da fisiologia do encéfalo, pesquisando alterações estruturais ou funcionais dos referidos transtornos.
Sassi e Soares (2001) expõem estudos atuais que se baseiam na utilização de tecnologia que investiga o cérebro em relação a sua estrutura anatômica A Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética do Encéfalo investigam a estrutura anatômica do cérebro, e o PET– Tomografia por Emissão de Pósitrons ou SPECT– Tomografia por Emissão de Fóton Único estudam a fisiologia cerebral; destacando a Ressonância Nuclear Magnética do Encéfalo por estar isenta de radiação ionizante, gerando imagens de alta resolução anatômica, e propiciando medidas volumétricas mais acuradas de estruturas do sistema nervoso central.
As sutilezas das alterações cerebrais ou as limitações dos estudos de neuroimagem ainda dificultam uma melhor compreensão sobre os transtornos mentais. O hipocampo, por exemplo, é uma estrutura cerebral relacionada à memória, que pode estar atrofiado, o que também pode ser visto em casos de estresse pós-traumático e estágios finais do Mal de Alzheimer.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Segundo Vieira e cols. (2007) os exames de neuroimagem evoluem com grandes avanços em suas técnicas e resolutividade, no entanto, para as avaliações psicológicas no campo da saúde mental, ainda são pouco utilizados. Tem relevante importância a integração da avaliação psicológica com os estudos de neuroimagem, com o objetivo do esclarecimento diagnóstico e condutas terapêuticas mais adequadas para cada caso clínico, visando a melhoria da qualidade de vida do paciente. Faz-se primordial a formação e capacitação permanente de profissionais de Psicologia nesta área de estudo.
Na formação dos profissionais de Psicologia é de fundamental importância a ênfase da associação entre os conhecimentos gerados pela avaliação clínica psicológica tradicional, citando Pasquali (2001), aos crescentes avanços dos conhecimentos clínicos e em pesquisa das diversas técnicas dos estudos de Neuroimagem, conforme Sassi e Soares (2001). Numa visão mais recente, a Psicologia está inserida no corpo clínico e de pesquisa em centros avançados de reabilitação por todo o mundo, com ênfase em Neuropsicologia, e sua importância clínico-científica, que resulta no objetivo principal de todo cuidado à saúde mental, expressa na qualidade de vida do nosso paciente.


REFERÊNCIAS

Abrahão, J. I. (2001). Síntese sobre cognição. Em Anais do I Congresso sobre saúde e trabalho, Brasília, DF.
Barbizet, J., & Duizabo, P. (1985). Manual de neuropsicologia. Porto Alegre: Artes Médicas.
Conselho Federal de Psicologia (2004). Resolução nº 002/2003 &– Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos e revoga a Resolução CFP n° 025/2001. Disponível: Acessado: 28/07/2004.
Cunha, J. A., Freitas, N. K., & Raymundo, M. G. B. (1993). Psicodiagnóstico &– R. Porto Alegre: Artes Médicas.
Ferreira, E. E. S. (2006). Alterações ocupacionais e sociais em pacientes com esquizofrenia: Relação com perfis metabólicos nos circuitos fronto-tálamo-estriatais à ressonância magnética espectroscópica. Dissertação de mestrado não-publicada. Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica e Ciências da Saúde: Neurociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS.
Formiga, N. S., & Mello, I. (2000). Testes psicológicos e técnicas projetivas: Uma integração para um desenvolvimento da interação interpretativa indivíduo-psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 20, 8-11.
Gallo, J. J., Reichel, W., & Andersen, L. M. (1995). Handbook of geriatric assessment. Aspen Publishers, Gaithesburg, Maryland.
Izquierdo, I. (2002). Memória. Porto Alegre: Artmed.
Melo, L. N. (1979). Psiquiatria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Lourenço, R. A. (2002). Validação do Miniexame do Estado Mental em uma unidade ambulatorial de saúde. Tese de Doutorado. Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ. Disponível: Acessado: 29/07/2004.
Neto, A. C., Gauer, G. C., & Furtado, N. R. (2003). Psiquiatria para estudantes de medicina. Porto Alegre: Edipucrs.
Neto, M. R. L., Motta, T., Wang, Y., &, Elkis, H. (1995). Psiquiatria básica. Porto Alegre: Artes Médicas.
Pasquali. L. (2001). Técnicas de exame psicológico. São Paulo: Casa do Psicólogo/ CFP.
Sassi, R. B., & Soares, J. C. (2001). Ressonância magnética estrutural nos transtornos afetivos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 23, 11-14.
Teri, L. T. P., Longston, R., Uomoto, J., Zarit, S., & Vitaliano, P. P. (1992). Assessment on behavioral problems in dementia: The revised memory and behavior problems Checklist-Psychology and Aging, 7, 622-631.
Vieira, C., Fay, E. S. M., Silva, L. N. (2007). Avaliação psicológica, neuropsicológica e recursos em neuroimagem: novas perspectivas em saúde mental. Aletheia, n.26, p. 181-195.
INTRODUÇÃO


Os estudos de neuroimagem constituem um dos recursos científicos de investigação diagnóstica complementar, que podem ser associados ao processo de avaliação psicológica e neuropsicológica, visando o esclarecimento diagnóstico de certeza e condutas terapêuticas adequadas na área da saúde mental.


AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E SAÚDE MENTAL


Para descrever e classificar o comportamento do indivíduo visando enquadrá-lo dentro de alguma tipologia, que permita ao sujeito tirar conclusões sobre os outros e saber como ele deve se comportar e agir, realizamos avaliação através de métodos e técnicas diversas (Pasquali, 2001).
Anteriormente a avaliação psicológica estava restrita ao uso de testes psicológicos tradicionais. Mais recentemente tal avaliação utiliza técnicas projetivas e objetivas, ampliando a compreensão do funcionamento psíquico e da personalidade (Formiga e col., 2000).
Na área clínica citamos o psicodiagnóstico como “um processo científico, limitado no tempo, que utiliza métodos e técnicas psicológicas (“input”), em nível individual ou não, entendendo os problemas, à luz dos princípios teóricos, identificando e avaliando aspectos específicos, classificando o caso e prevendo seu curso possível, para comunicar resultado (“output”)” (Cunha e cols., 1993).
As avaliações tendem a ser subjetivas, e encontramos grupos de sintomas similares em diferentes quadros mentais, além da complexidade para distinguir aspectos decorrentes de limitações cognitivas pré-existentes, daquelas acarretadas pela deterioração mental presente em algumas patologias psiquiátricas. Num contexto hospitalar psiquiátrico ou de saúde mental, a avaliação psicológica engloba áreas de investigação da personalidade e aspectos neuropsicológicos, envolvendo os processos cognitivos subjacentes.


AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA


Na área da saúde mental, a avaliação neuropsicológica visa identificar distúrbios das funções superiores produzidos por alterações cerebrais, desencadeando respostas comportamentais, abrangendo objetivos como o diagnóstico diferencial, a identificação do comprometimento das funções cognitivas e a avaliação do grau de deterioração apresentada pelo portador de doença mental.
Neto e cols. (2003) referem o uso de testes para a avaliação geral de inteligência, com as Escalas Weschler, que possibilitam a obtenção de três medidas: quociente intelectual total (nível geral da capacidade cognitiva e de adaptação do indivíduo), quociente verbal e de execução, que representam as modalidades de raciocínio e expressão de caracteres verbais e não-verbais. O Conselho Federal de Psicologia emitiu parecer favorável para a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC III) (indicado para avaliação intelectual de pessoas na faixa etária entre 6 e 16 anos) e para a Escala Wechsler para Adultos (WAIS III). Outros testes também permitem a mensuração de níveis de inteligência, como o BPR-5, R1, G-36, sendo que os dois últimos testes são utilizados para a avaliação não-verbal da inteligência e também para pessoas com baixo nível de escolaridade. Testes específicos de atenção e concentração, como o teste D-2, avaliam outras funções cognitivas.
O digit span está sendo empregado na avaliação neuropsicológica dos casos suspeitos de demências, no qual são verbalizados ao paciente vários números (ou palavras), e após alguns segundos, solicitado que os repita (Izquierdo, 2002). Outra técnica usada na investigação das funções intelectivas, também nos quadros demenciais, é a Escala de Avaliação Cognitiva Mini-Mental (Mini Exame do Estado Mental- MMSE) (Lourenço, 2002). Citamos ainda outros instrumentos diagnósticos: a Avaliação das atividades de vida diária (AVD)- Índice de Katz, que mede a capacidade e prejuízo funcional nas atividades do dia-a-dia (Gallo at al, 1995); e RMBPC- Revised Memory and Behavior Problems Checklist para investigação de memória e comportamento (Teri at al,1992).
A cognição ocupa posição de destaque na investigação neuropsicológica, e está relacionada com a capacidade que possuímos para obter a aquisição do conhecimento; estando associada ao conceito de inteligência (Melo, 1979), A cognição compreende mecanismos mentais que agem sobre a informação sensorial, buscando sua interpretação, classificação e organização (Abrahão, 2001).
Nos casos de transtornos psiquiátrico é necessário complementar a abordagem clínica do caso com outras técnicas de investigação. A deterioração intelectual corresponde a um estado de modificação global das funções superiores ocasionando condutas desadaptativas, podendo ser transitória ( por horas ou dias) ou irreversível (nos quadros demenciais), com empobrecimento lingüístico e disfunções na memória e orientação (Barbizet at al, 1985).


MÉTODOS E RESULTADOS EM NEUROIMAGEM


Os estudos de neuroimagem, com técnicas que avançam progressivamente, permitiram conhecimento de circuitos cerebrais responsáveis por distintas operações da cognição humana. A localização de algumas funções cerebrais ajuda a correlacionar funções cognitivas com estruturas mentais. Algumas dessas técnicas permitem visualizar a estrutura e o funcionamento cerebral, o fluxo sanguíneo, metabolismo, composição química e densidade de receptores cerebrais em seres vivos; com descoberta, por exemplo, de substrato neural das doenças mentais como a esquizofrenia (Ferreira, 2006). Desta forma, tais estudos possibilitam conhecimentos da fisiologia e neuroquímica do cérebro, auxiliando na compreensão da base biológica dos distúrbios psiquiátricos.
Os exames de neuroimagem excluem patologias com sintomas semelhantes aos de alguns transtornos psiquiátricos, como tumores e lesões isquêmicas; e permitem o estudo da morfologia e da fisiologia do encéfalo, pesquisando alterações estruturais ou funcionais dos referidos transtornos.
Sassi e Soares (2001) expõem estudos atuais que se baseiam na utilização de tecnologia que investiga o cérebro em relação a sua estrutura anatômica A Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética do Encéfalo investigam a estrutura anatômica do cérebro, e o PET– Tomografia por Emissão de Pósitrons ou SPECT– Tomografia por Emissão de Fóton Único estudam a fisiologia cerebral; destacando a Ressonância Nuclear Magnética do Encéfalo por estar isenta de radiação ionizante, gerando imagens de alta resolução anatômica, e propiciando medidas volumétricas mais acuradas de estruturas do sistema nervoso central.
As sutilezas das alterações cerebrais ou as limitações dos estudos de neuroimagem ainda dificultam uma melhor compreensão sobre os transtornos mentais. O hipocampo, por exemplo, é uma estrutura cerebral relacionada à memória, que pode estar atrofiado, o que também pode ser visto em casos de estresse pós-traumático e estágios finais do Mal de Alzheimer.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Segundo Vieira e cols. (2007) os exames de neuroimagem evoluem com grandes avanços em suas técnicas e resolutividade, no entanto, para as avaliações psicológicas no campo da saúde mental, ainda são pouco utilizados. Tem relevante importância a integração da avaliação psicológica com os estudos de neuroimagem, com o objetivo do esclarecimento diagnóstico e condutas terapêuticas mais adequadas para cada caso clínico, visando a melhoria da qualidade de vida do paciente. Faz-se primordial a formação e capacitação permanente de profissionais de Psicologia nesta área de estudo.
Na formação dos profissionais de Psicologia é de fundamental importância a ênfase da associação entre os conhecimentos gerados pela avaliação clínica psicológica tradicional, citando Pasquali (2001), aos crescentes avanços dos conhecimentos clínicos e em pesquisa das diversas técnicas dos estudos de Neuroimagem, conforme Sassi e Soares (2001). Numa visão mais recente, a Psicologia está inserida no corpo clínico e de pesquisa em centros avançados de reabilitação por todo o mundo, com ênfase em Neuropsicologia, e sua importância clínico-científica, que resulta no objetivo principal de todo cuidado à saúde mental, expressa na qualidade de vida do nosso paciente.


REFERÊNCIAS

Abrahão, J. I. (2001). Síntese sobre cognição. Em Anais do I Congresso sobre saúde e trabalho, Brasília, DF.
Barbizet, J., & Duizabo, P. (1985). Manual de neuropsicologia. Porto Alegre: Artes Médicas.
Conselho Federal de Psicologia (2004). Resolução nº 002/2003 &– Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos e revoga a Resolução CFP n° 025/2001. Disponível: Acessado: 28/07/2004.
Cunha, J. A., Freitas, N. K., & Raymundo, M. G. B. (1993). Psicodiagnóstico &– R. Porto Alegre: Artes Médicas.
Ferreira, E. E. S. (2006). Alterações ocupacionais e sociais em pacientes com esquizofrenia: Relação com perfis metabólicos nos circuitos fronto-tálamo-estriatais à ressonância magnética espectroscópica. Dissertação de mestrado não-publicada. Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica e Ciências da Saúde: Neurociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS.
Formiga, N. S., & Mello, I. (2000). Testes psicológicos e técnicas projetivas: Uma integração para um desenvolvimento da interação interpretativa indivíduo-psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 20, 8-11.
Gallo, J. J., Reichel, W., & Andersen, L. M. (1995). Handbook of geriatric assessment. Aspen Publishers, Gaithesburg, Maryland.
Izquierdo, I. (2002). Memória. Porto Alegre: Artmed.
Melo, L. N. (1979). Psiquiatria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Lourenço, R. A. (2002). Validação do Miniexame do Estado Mental em uma unidade ambulatorial de saúde. Tese de Doutorado. Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ. Disponível: Acessado: 29/07/2004.
Neto, A. C., Gauer, G. C., & Furtado, N. R. (2003). Psiquiatria para estudantes de medicina. Porto Alegre: Edipucrs.
Neto, M. R. L., Motta, T., Wang, Y., &, Elkis, H. (1995). Psiquiatria básica. Porto Alegre: Artes Médicas.
Pasquali. L. (2001). Técnicas de exame psicológico. São Paulo: Casa do Psicólogo/ CFP.
Sassi, R. B., & Soares, J. C. (2001). Ressonância magnética estrutural nos transtornos afetivos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 23, 11-14.
Teri, L. T. P., Longston, R., Uomoto, J., Zarit, S., & Vitaliano, P. P. (1992). Assessment on behavioral problems in dementia: The revised memory and behavior problems Checklist-Psychology and Aging, 7, 622-631.
Vieira, C., Fay, E. S. M., Silva, L. N. (2007). Avaliação psicológica, neuropsicológica e recursos em neuroimagem: novas perspectivas em saúde mental. Aletheia, n.26, p. 181-195.
INTRODUÇÃO


Os estudos de neuroimagem constituem um dos recursos científicos de investigação diagnóstica complementar, que podem ser associados ao processo de avaliação psicológica e neuropsicológica, visando o esclarecimento diagnóstico de certeza e condutas terapêuticas adequadas na área da saúde mental.


AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E SAÚDE MENTAL


Para descrever e classificar o comportamento do indivíduo visando enquadrá-lo dentro de alguma tipologia, que permita ao sujeito tirar conclusões sobre os outros e saber como ele deve se comportar e agir, realizamos avaliação através de métodos e técnicas diversas (Pasquali, 2001).
Anteriormente a avaliação psicológica estava restrita ao uso de testes psicológicos tradicionais. Mais recentemente tal avaliação utiliza técnicas projetivas e objetivas, ampliando a compreensão do funcionamento psíquico e da personalidade (Formiga e col., 2000).
Na área clínica citamos o psicodiagnóstico como “um processo científico, limitado no tempo, que utiliza métodos e técnicas psicológicas (“input”), em nível individual ou não, entendendo os problemas, à luz dos princípios teóricos, identificando e avaliando aspectos específicos, classificando o caso e prevendo seu curso possível, para comunicar resultado (“output”)” (Cunha e cols., 1993).
As avaliações tendem a ser subjetivas, e encontramos grupos de sintomas similares em diferentes quadros mentais, além da complexidade para distinguir aspectos decorrentes de limitações cognitivas pré-existentes, daquelas acarretadas pela deterioração mental presente em algumas patologias psiquiátricas. Num contexto hospitalar psiquiátrico ou de saúde mental, a avaliação psicológica engloba áreas de investigação da personalidade e aspectos neuropsicológicos, envolvendo os processos cognitivos subjacentes.


AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA


Na área da saúde mental, a avaliação neuropsicológica visa identificar distúrbios das funções superiores produzidos por alterações cerebrais, desencadeando respostas comportamentais, abrangendo objetivos como o diagnóstico diferencial, a identificação do comprometimento das funções cognitivas e a avaliação do grau de deterioração apresentada pelo portador de doença mental.
Neto e cols. (2003) referem o uso de testes para a avaliação geral de inteligência, com as Escalas Weschler, que possibilitam a obtenção de três medidas: quociente intelectual total (nível geral da capacidade cognitiva e de adaptação do indivíduo), quociente verbal e de execução, que representam as modalidades de raciocínio e expressão de caracteres verbais e não-verbais. O Conselho Federal de Psicologia emitiu parecer favorável para a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC III) (indicado para avaliação intelectual de pessoas na faixa etária entre 6 e 16 anos) e para a Escala Wechsler para Adultos (WAIS III). Outros testes também permitem a mensuração de níveis de inteligência, como o BPR-5, R1, G-36, sendo que os dois últimos testes são utilizados para a avaliação não-verbal da inteligência e também para pessoas com baixo nível de escolaridade. Testes específicos de atenção e concentração, como o teste D-2, avaliam outras funções cognitivas.
O digit span está sendo empregado na avaliação neuropsicológica dos casos suspeitos de demências, no qual são verbalizados ao paciente vários números (ou palavras), e após alguns segundos, solicitado que os repita (Izquierdo, 2002). Outra técnica usada na investigação das funções intelectivas, também nos quadros demenciais, é a Escala de Avaliação Cognitiva Mini-Mental (Mini Exame do Estado Mental- MMSE) (Lourenço, 2002). Citamos ainda outros instrumentos diagnósticos: a Avaliação das atividades de vida diária (AVD)- Índice de Katz, que mede a capacidade e prejuízo funcional nas atividades do dia-a-dia (Gallo at al, 1995); e RMBPC- Revised Memory and Behavior Problems Checklist para investigação de memória e comportamento (Teri at al,1992).
A cognição ocupa posição de destaque na investigação neuropsicológica, e está relacionada com a capacidade que possuímos para obter a aquisição do conhecimento; estando associada ao conceito de inteligência (Melo, 1979), A cognição compreende mecanismos mentais que agem sobre a informação sensorial, buscando sua interpretação, classificação e organização (Abrahão, 2001).
Nos casos de transtornos psiquiátrico é necessário complementar a abordagem clínica do caso com outras técnicas de investigação. A deterioração intelectual corresponde a um estado de modificação global das funções superiores ocasionando condutas desadaptativas, podendo ser transitória ( por horas ou dias) ou irreversível (nos quadros demenciais), com empobrecimento lingüístico e disfunções na memória e orientação (Barbizet at al, 1985).


MÉTODOS E RESULTADOS EM NEUROIMAGEM


Os estudos de neuroimagem, com técnicas que avançam progressivamente, permitiram conhecimento de circuitos cerebrais responsáveis por distintas operações da cognição humana. A localização de algumas funções cerebrais ajuda a correlacionar funções cognitivas com estruturas mentais. Algumas dessas técnicas permitem visualizar a estrutura e o funcionamento cerebral, o fluxo sanguíneo, metabolismo, composição química e densidade de receptores cerebrais em seres vivos; com descoberta, por exemplo, de substrato neural das doenças mentais como a esquizofrenia (Ferreira, 2006). Desta forma, tais estudos possibilitam conhecimentos da fisiologia e neuroquímica do cérebro, auxiliando na compreensão da base biológica dos distúrbios psiquiátricos.
Os exames de neuroimagem excluem patologias com sintomas semelhantes aos de alguns transtornos psiquiátricos, como tumores e lesões isquêmicas; e permitem o estudo da morfologia e da fisiologia do encéfalo, pesquisando alterações estruturais ou funcionais dos referidos transtornos.
Sassi e Soares (2001) expõem estudos atuais que se baseiam na utilização de tecnologia que investiga o cérebro em relação a sua estrutura anatômica A Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética do Encéfalo investigam a estrutura anatômica do cérebro, e o PET– Tomografia por Emissão de Pósitrons ou SPECT– Tomografia por Emissão de Fóton Único estudam a fisiologia cerebral; destacando a Ressonância Nuclear Magnética do Encéfalo por estar isenta de radiação ionizante, gerando imagens de alta resolução anatômica, e propiciando medidas volumétricas mais acuradas de estruturas do sistema nervoso central.
As sutilezas das alterações cerebrais ou as limitações dos estudos de neuroimagem ainda dificultam uma melhor compreensão sobre os transtornos mentais. O hipocampo, por exemplo, é uma estrutura cerebral relacionada à memória, que pode estar atrofiado, o que também pode ser visto em casos de estresse pós-traumático e estágios finais do Mal de Alzheimer.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Segundo Vieira e cols. (2007) os exames de neuroimagem evoluem com grandes avanços em suas técnicas e resolutividade, no entanto, para as avaliações psicológicas no campo da saúde mental, ainda são pouco utilizados. Tem relevante importância a integração da avaliação psicológica com os estudos de neuroimagem, com o objetivo do esclarecimento diagnóstico e condutas terapêuticas mais adequadas para cada caso clínico, visando a melhoria da qualidade de vida do paciente. Faz-se primordial a formação e capacitação permanente de profissionais de Psicologia nesta área de estudo.
Na formação dos profissionais de Psicologia é de fundamental importância a ênfase da associação entre os conhecimentos gerados pela avaliação clínica psicológica tradicional, citando Pasquali (2001), aos crescentes avanços dos conhecimentos clínicos e em pesquisa das diversas técnicas dos estudos de Neuroimagem, conforme Sassi e Soares (2001). Numa visão mais recente, a Psicologia está inserida no corpo clínico e de pesquisa em centros avançados de reabilitação por todo o mundo, com ênfase em Neuropsicologia, e sua importância clínico-científica, que resulta no objetivo principal de todo cuidado à saúde mental, expressa na qualidade de vida do nosso paciente.


REFERÊNCIAS

Abrahão, J. I. (2001). Síntese sobre cognição. Em Anais do I Congresso sobre saúde e trabalho, Brasília, DF.
Barbizet, J., & Duizabo, P. (1985). Manual de neuropsicologia. Porto Alegre: Artes Médicas.
Conselho Federal de Psicologia (2004). Resolução nº 002/2003 &– Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos e revoga a Resolução CFP n° 025/2001. Disponível: Acessado: 28/07/2004.
Cunha, J. A., Freitas, N. K., & Raymundo, M. G. B. (1993). Psicodiagnóstico &– R. Porto Alegre: Artes Médicas.
Ferreira, E. E. S. (2006). Alterações ocupacionais e sociais em pacientes com esquizofrenia: Relação com perfis metabólicos nos circuitos fronto-tálamo-estriatais à ressonância magnética espectroscópica. Dissertação de mestrado não-publicada. Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica e Ciências da Saúde: Neurociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS.
Formiga, N. S., & Mello, I. (2000). Testes psicológicos e técnicas projetivas: Uma integração para um desenvolvimento da interação interpretativa indivíduo-psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 20, 8-11.
Gallo, J. J., Reichel, W., & Andersen, L. M. (1995). Handbook of geriatric assessment. Aspen Publishers, Gaithesburg, Maryland.
Izquierdo, I. (2002). Memória. Porto Alegre: Artmed.
Melo, L. N. (1979). Psiquiatria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Lourenço, R. A. (2002). Validação do Miniexame do Estado Mental em uma unidade ambulatorial de saúde. Tese de Doutorado. Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ. Disponível: Acessado: 29/07/2004.
Neto, A. C., Gauer, G. C., & Furtado, N. R. (2003). Psiquiatria para estudantes de medicina. Porto Alegre: Edipucrs.
Neto, M. R. L., Motta, T., Wang, Y., &, Elkis, H. (1995). Psiquiatria básica. Porto Alegre: Artes Médicas.
Pasquali. L. (2001). Técnicas de exame psicológico. São Paulo: Casa do Psicólogo/ CFP.
Sassi, R. B., & Soares, J. C. (2001). Ressonância magnética estrutural nos transtornos afetivos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 23, 11-14.
Teri, L. T. P., Longston, R., Uomoto, J., Zarit, S., & Vitaliano, P. P. (1992). Assessment on behavioral problems in dementia: The revised memory and behavior problems Checklist-Psychology and Aging, 7, 622-631.
Vieira, C., Fay, E. S. M., Silva, L. N. (2007). Avaliação psicológica, neuropsicológica e recursos em neuroimagem: novas perspectivas em saúde mental. Aletheia, n.26, p. 181-195.

Nenhum comentário:

Postar um comentário