sexta-feira, 29 de maio de 2009

RESENHA DO FILME O NOME DA ROSA

[ROSA+.jpeg]O filme aborda uma investigação em um mosteiro da Itália medieval, ao longo de sete dias e sete noites, onde sete monges são mortos.


A história ocorre no ano de 1327 – Século XIV – período considerado teocêntrico onde a escolástica é predominante, num Mosteiro Beneditino Italiano que continha, na época, o maior acervo Cristão do mundo. Poucos monges tinham o acesso autorizado, devido às relíquias arquivadas naquela Biblioteca.

No Filme, um monge Franciscano e Renascentista, é designado para investigar vários crimes que estavam ocorrendo no mosteiro. Os mortos eram encontrados com a língua e os dedos roxos e, no decorrer da história, verifica-se que eles manuseavam (desfolhavam) os livros, cujas páginas estavam envenenadas. Então, quem profanasse a determinação de “não ler o livro”, morreria antes que informasse o conteúdo da leitura.

O Livro havia sido escrito pelo Filósofo Aristóteles, discípulo de Platão, e falava sobre o riso.

Por outro lado, naquela época as abordagens eram muito nítidas e baseadas nas idéias do filósofo do período Antopocêntrico, Platão. Visto que, prevalecia a teologia de Santo Agostinho, que por sua vez foi influenciado pelas idéias platônicas. É por esse motivo que o filme mostra a obra de Aristóteles sendo guardada a "sete chaves" e inacessível aos demais monges. Pois as idéias aristotélicas afrontavam os dogmas religiosos por seu racionalismo crítico.

No filme, aparecem nítidas disputas entre o misticismo, o racionalismo, problemas econômicos, políticos e, principalmente, o desejo da Igreja em manter o poder absoluto cerceando o direito à liberdade de todos. Devemos lembrar que nesse período o cristianismo é visto como a nova ordem, só perdendo seu apogeu na Idade Moderna. Apesar de que, a filosofia cristã persistiu na contemporaneidade com forte significado e penetração em várias áreas e níveis sociais.

A Igreja não aceitava que pessoas comuns tivessem acesso ao significado de seus dogmas (fundamentos da religião) nem questionassem e fossem contra os mesmos e, por esse motivo, para definir o poder sobre o povo, houve a instauração da Inquisição que foi criada para punir os crimes praticados contra a Igreja Católica que se unia ao poder monárquico.

O período Renascentista que se desenvolveu na Europa entre 1300 e 1650, época em que se desenrola o filme (1327), vinha de encontro a Igreja, exatamente porque o Renascimento pregava a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural. Que era na época a base da igreja, ou seja, a preocupação da igreja era submeter o saber à fé cristã.

Dessa forma, o Monge utilizava-se da Ciência e conseqüentemente da razão para dar solução aos crimes do mosteiro e desagradava, em muito, a Santa Inquisição, na figura do Inquisidor. Visto que a igreja, através dos ensinamentos cristão dizia bastar para que qualquer explicação fosse dada aos acontecimentos. Como se os fatos trata-se de simples desobediência a vontade divina, e por isso as conseqüências viriam.

Na Biblioteca do Monastério haviam pergaminhos que falavam sobre a infalibilidade de Deus e que não era preciso se ter uma fé cega em detrimento à figura do homem. Mesmo assim, fatos corriqueiros precisam ser avaliados para determinados acontecimentos, e isso começa a causar questionamentos sobre a autoridade da igreja.

Vemos também as questões de ordem sexual e da miséria que o povo sofre para atender as demandas da igreja, que na verdade não passa de pura política disfarçada.

O filme mostra na verdade, a grande disputa filosófica pelo controle das idéias e a disputa pelo poder das mesmas.

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