sábado, 6 de junho de 2009

BREVE HISTORIA DA PSICOLOGIA


A invenção do termo Psicologia é atribuída a Aristóteles. O filósofo teria escrito um livro chamado "Sobre As Almas" no qual apresenta a Psicologia como um ramo da Filosofia dedicado ao estudo da psique, bem como toda uma rica teoria sobre as motivações e emoções humanas.

Por psique Aristóteles entendia o princípio espiritual enquanto algo que interage com o corpo. A Consciência Infinita, que é Deus, tinha uma pequena porção diferenciada, separada, formando uma larva. No momento que essa larva adentra um corpo / casulo nascia um ser humano, que podia ser visto como uma crisálida. O momento da morte seria quando a crisálida finalmente cumpriu seu papel, nascendo assim a borboleta.

O papel do psicólogo, para Aristóteles, era o estudo do ciclo de vida material do homem, enquanto ser corpo-alma. Ou seja, o estudo da maturação da crisálida rumo à borboleta.

OBS: A própria palavra psique é derivada de um termo que em grego significa borboleta. Ou seja, Psicologia pode ser entendida como "o estudo (da formação) das borboletas".


Para Aristóteles o período anterior ao nascimento e depois da morte não eram da alçada da Psicologia. Em outras palavras, o filósofo parecia aceitar o dualismo platônico corpo-alma, mas assim como Watson e seu Behaviorismo Metodológico ele parece dizer: "Só me interessa estudar o material e observável. Vou deixar a parte metafísica de lado".


Com Aristóteles a Psicologia nasce (semi-)materialista, pois só se preocupa com fenômenos relativos ao mundo sensorial (por exemplo, as emoções). Porém ao mesmo tempo a Psicologia já nasce mentalista: acredita que somos determinados por forças metafísicas interiores.
Outro ponto importante: a visão aristotélica é teleológica. Ou seja, o final do desenvolvimento humano (a borboleta espiritual) já é conhecido desde o momento de seu nascimento. "É próprio do homem agir assim, porque ele está destinado a isso dada sua essência".


Mais tarde veremos como a visão aristotélica até hoje permanece firme e forte na Psicologia, determinando uma visão mentalista/metafísica e teleológica.


Racionalismo


Descartes, e seu "Penso, Logo Existo" influenciou muito a Psicologia, atraindo diversos defensores e críticos.


O Racionaismo tem seu começo atribuído a Filosofia Grega, especialmente Sócrates. A razão é tida como faculdade especial do homem, que é um ser distinto de todos os outros por isso. O Racionalismo é uma postura francamente mentalista que não leva tanto em conta nossos "instintos".

O Behaviorismo Radical entende que a Razão não é uma propriedade especial do homem, mas tão somente um conjunto de comportamentos, dentre outros. Uma das grandes inovações de Skinner foi exatamente levar em conta os sentimentos e demais "comportamentos encobertos".

Dos Racionalistas o Behaviorismo Radical se aproxima no que tange a idéia de que é possível compreender os fenômenos do Universo se for usado um método adequado.



Romantismo


O poeta alemão Goethe infuenciou em muito a Psicologia, especialmente a Psicanálise.

Misto de corrrente filosófica com atitude artística. A visão romântica determina que o Homem é um ser especial, mágico, possuidor de uma alma repleta de mistérios incompreensíveis.

A crítica romântica é de que os sentimentos e demais "forças invisiveis da Alma" eram deixadas de fora da Psicologia. O Behaviorismo Radical oferece uma abordagem cientifica a esses fenômenos, isto é, a subjetividade.

OBS: Por questões lógicas, os Românticos e os Racionalistas criaram um grande conflito no seio da Psicologia. Os primeiros dizem que o especial no Homem é sua Alma (espírito, coração, etc). Os outros dizem que é sua Razão. Vê-se aí uma dicotomia clássica na Psicologia: Razão VERSUS Emoção. Para o Behaviorismo Radical tal dicotomia é ilusória e nociva.


Idealismo



David Hume, o grande nome do Idealismo.

Postura filosófica que determina que o mundo é uma abstração, uma ilusão dos cinco sentidos, sem existência real. O Idealismo também crê no inatismo, isto é, que as pessoas já nascem com uma essência ou conjunto de idéias.

Para os idealistas a única fonte segura de saber é a introspecção, isto é, experimentação nos leva a ilusões. Essa postura é especialmente problemática para o Behaviorismo Radical, pois a introspecção é um comportamento de autoobservação muito influenciado por fatores ambientais. Ou seja, a experimentação e dados compartilháveis tem um grande valor que os idealistas não consideram...

O idealismo é uma forma enfatizada de mentalismo que para o Behaviorismo Radical não faz muito sentido, pois entende-se que ele despreza dados do ambiente e do corpo na formação do ser humano.


Empirismo


Para John Locke tudo vinha da experiência sensível (i.e., "dos 5 sentidos").

Pelo Empirismo o Homem é uma tábula rasa, ou seja, nasce inteiramente livre de condicionamentos biológicos. Tudo aquilo que ele vem a se tornar é proveniente de suas experiências depois do nascimento.
Normalmente se associa o Behaviorismo Radical ao empirismo. Ledo engano, porque os behavioristas de hoje levam em conta condicionamentos biológicos inatos, isto é, a herança filogenética das espécies.


OBS: Obviamente a tensão entre idealistas e empiristas é forte. Até os dias de hoje essa discussão rende muito pano pra manga nas faculdades de Psicologia. Determina uma segunda dicotomia: Inato VERSUS Adquirido. Para o Behaviorismo Radical essa dicotimia também é ilusória e nociva.


Positivismo


Auguste Comte, o "Papa" do Positivismo.

Concepção de Ciência de cunho racionalista porém muito focada em dados observáveis e mensuráveis. Grande inspiração para os behavioristas metodológicos, como Watson, e até hoje erroneamente associado ao Behaviorismo Radical de Skinner.

Em sua origem a Psicologia tida como científica nasce positivista. Foi partindo dessa epistemologia científica que Wundt criou seu laboratório de Psicologia (assunto do próximo post desta série).

A concepção de Ciência do Behaviorismo Radical é abertamente diferente da Positivista em termos de objeto e método. Mas isso é assunto de outro post...

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